sábado, 31 de agosto de 2024

Nossa cegueira coletiva


(imagem: daqui)

Estava relendo Maus esses dias e entendi o motivo de não sermos nazistas já nas primeiras páginas, ao me deparar com uma citação de Hitler que dizia: "certamente, os judeus são uma raça, mas não são humanos". Troque 'Judeu' por qualquer outro nome, pode ser o seu, e teremos o cenário politico, universitário, artístico, etc. de nosso país nas duas ultimas eleições sendo jogado na cara de quem não seguia a maioria. 

Tivesse Hitler saído vitorioso na segunda guerra, aprenderíamos os preceitos nazistas de forma virtuosa em escolas e faculdades, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Diríamos, olhando para o passado, que o nazismo não é mais aquilo, que deturparam o nazismo, que o mundo todo era violento naqueles tempos e desculparíamos nossas suásticas apenas olhando nossa ânsia em validar uma aberração. Seriamos nacionais socialistas, como ele tanto pregava. E basearíamos nosso ódio amoroso e pacifico, anulando vidas contrárias a isso, como os internacionais socialistas que combateram o nazismo fazem hoje. 

Muitos acham que o mundo seria pior com essa configuração, mas não. Nosso ódio apenas teria uma desculpa diferente para ser acalentado e transmitido. O mundo seria exatamente o mesmo. Somos capturáveis por ambos os lados, pois ambos são a mesma moeda. Enfiaríamos uma bala sorrindo no rosto de quem nos mostrasse outro caminho. A mesma bala que muitos levaram naqueles tempos, e levam também hoje em dia. Ah! Um outro caminho! "Quem tenta mudar o sistema, já está derrotado por ele" li isso em algum lugar. Nunca li algo tão concreto. A direção é um outro caminho. 

Nós só não somos nazistas nesse exato momento, apenas porque o nazismo perdeu. Não foi a nossa virtude quem nos tirou da lama, pois aprendemos a odiar virtudes. Poucos de nós teriam forças para se mover na contra mão de quem puxa as cordas e nos manipula. Nossa falsa moral elevada e senso de justiça são ilusões, pois as ancoramos no vazio. 

É por isso que tratamos nosso próximo como ratos depois de destruir o que nos alicerça como humanidade. Nós rejeitamos o que nos tornaria humanos para abraçar o ódio embalado em amor, paz e justiça que nos vendem. Viramos palha para o fogo sem perceber que também estamos queimando e mentimos que isso é que é ser humano.


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