terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Receita de ano novo

( Imagem: Pôr-do-sol da janela lá do quintal ^^)




Quando me dei conta o ano já estava em seu fim -passou voando. Mas não passou com passa um ônibus quando o perdemos, passou como quando passa uma chuva ou ventania. Não que tenha sido ruim ou coisa parecida, foi ótimo! está sendo, mas ainda bem que acabou! ^^


Deixo pra vocês um poema de um cara genial, foi um verso desse poema que inspirou o nome do blog, lembro de tê-lo lido lá pelos tempos de colégio...


Mas agora creio que a poesia maior é uma vida moldada em Cristo. [espero ter 2009 inteiro para falar sobre isso^^]


É pra vocês:


Receita de ano novo (Drummond)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.





Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

... nº3

Num dia qualquer resolve-se enxergar, mas o que se deseja por ai é ficar cego! E nunca consigo entender, nunca consigo!











Eu escrevo para você, mas você não me sabe ler...




... pra quê então?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não me proteja.

(imagem: el fuego - olhares.com)

O asfalto de dia é diferente do asfalto à noite. E agora dá pra ver de forma mais nítida que, onde quer que se olhe, os horizontes estão sendo tomados por prédios dos mais variados modos e tamanhos. É assustador para alguém da minha idade ver um horizonte de concreto, ao invés de algo azul ou verde – que nem a esperança.

Um gesto de leveza pode ser interpretado mal. E a arrogância toma conta dos bem sucedidos, (nem todos), a maior parte deles. Às vezes não há um só riso ou um “bom dia!” pelas ruas e avenidas. Não consigo acreditar que todos estão ficando cinza que nem o horizonte ao redor. O que houve com a minha cidade?! Desde quando demonstrar força é sinal de fraqueza? Quem falou que a arrogância é pré-requisito básico para ser bem sucedido na vida?

Todos estão prestes a entrar num sono assustador, e eu não sei por qual razão, mas sinto. Mas se for por causa dos horizontes fechados de agora é só olhar pra cima onde o céu ainda é azul à noite, e nada cinza poderá tocá-lo.

Se você levantar a cabeça em meio ao rush do meio-dia ou das 18:30hs em minha cidade, poderá ver como agente era há algum tempo atrás.

Quando estou dormindo meu coração ainda está desperto, quando todos parecem estar protegidos do mal ao redor, pareço ser a única vítima (ou na verdade um louco de rua).

“Isso não é nada comparado à New York ou São Paulo. Você tem que viver a vida que está ai!” Quando ouvi isso percebi que aceitar a “viver o que está ai” é a camada protetora que as pessoas usam para não pirar em meio ao caos quando este parece progresso, -como uma droga tomada para se alienar dos problemas.

Ah, por favor! Eu não quero essa proteção! Não falo do asfalto e edifícios, nem do horizonte cinza, mas do cinza-concreto que passou a estar em cada coração, e o pior! Passou a ser buscado por nós mesmos para estar em nossos corações.

Como eu odeio a cidade que eu amo!

O céu de noite parece cada vez mais distante...