terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Receita de ano novo

( Imagem: Pôr-do-sol da janela lá do quintal ^^)




Quando me dei conta o ano já estava em seu fim -passou voando. Mas não passou com passa um ônibus quando o perdemos, passou como quando passa uma chuva ou ventania. Não que tenha sido ruim ou coisa parecida, foi ótimo! está sendo, mas ainda bem que acabou! ^^


Deixo pra vocês um poema de um cara genial, foi um verso desse poema que inspirou o nome do blog, lembro de tê-lo lido lá pelos tempos de colégio...


Mas agora creio que a poesia maior é uma vida moldada em Cristo. [espero ter 2009 inteiro para falar sobre isso^^]


É pra vocês:


Receita de ano novo (Drummond)


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.





Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

... nº3

Num dia qualquer resolve-se enxergar, mas o que se deseja por ai é ficar cego! E nunca consigo entender, nunca consigo!











Eu escrevo para você, mas você não me sabe ler...




... pra quê então?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não me proteja.

(imagem: el fuego - olhares.com)

O asfalto de dia é diferente do asfalto à noite. E agora dá pra ver de forma mais nítida que, onde quer que se olhe, os horizontes estão sendo tomados por prédios dos mais variados modos e tamanhos. É assustador para alguém da minha idade ver um horizonte de concreto, ao invés de algo azul ou verde – que nem a esperança.

Um gesto de leveza pode ser interpretado mal. E a arrogância toma conta dos bem sucedidos, (nem todos), a maior parte deles. Às vezes não há um só riso ou um “bom dia!” pelas ruas e avenidas. Não consigo acreditar que todos estão ficando cinza que nem o horizonte ao redor. O que houve com a minha cidade?! Desde quando demonstrar força é sinal de fraqueza? Quem falou que a arrogância é pré-requisito básico para ser bem sucedido na vida?

Todos estão prestes a entrar num sono assustador, e eu não sei por qual razão, mas sinto. Mas se for por causa dos horizontes fechados de agora é só olhar pra cima onde o céu ainda é azul à noite, e nada cinza poderá tocá-lo.

Se você levantar a cabeça em meio ao rush do meio-dia ou das 18:30hs em minha cidade, poderá ver como agente era há algum tempo atrás.

Quando estou dormindo meu coração ainda está desperto, quando todos parecem estar protegidos do mal ao redor, pareço ser a única vítima (ou na verdade um louco de rua).

“Isso não é nada comparado à New York ou São Paulo. Você tem que viver a vida que está ai!” Quando ouvi isso percebi que aceitar a “viver o que está ai” é a camada protetora que as pessoas usam para não pirar em meio ao caos quando este parece progresso, -como uma droga tomada para se alienar dos problemas.

Ah, por favor! Eu não quero essa proteção! Não falo do asfalto e edifícios, nem do horizonte cinza, mas do cinza-concreto que passou a estar em cada coração, e o pior! Passou a ser buscado por nós mesmos para estar em nossos corações.

Como eu odeio a cidade que eu amo!

O céu de noite parece cada vez mais distante...





sábado, 22 de novembro de 2008

Roda viva

(Imagem: Catarina Krug - Olhares)



No começo, logo de inicio, era algo inexplicável. Corria para os discos e livros no intuito de fazer passar e passava, mas logo esse artifício não adiantava muito...
Por longo tempo pensei que era algo banal, é algo banal.
Quando encontrei a paz [entenda-se Cristo] isso pareceu ter ido embora, e foi mesmo. São dias claros de céu azul e sorriso no rosto, camisas de cores pra cima. E não há mais medo da noite ou madrugadas acordado agora.
...de alguma forma pareceu voltar, com certeza voltou. Mas não vou entregar tudo o que conquistei assim de mão beijada, ah não mesmo! O que aconteceu? Eu estava de guarda levantada. Como ela conseguiu me atingir? (???????)
Dizem que a tristeza é uma forma de egoísmo (foi o Arnaldo Antunes quem me falou pessoalmente através da TV ^^). E deve ser mesmo, com certeza é.



Você chega todo o dia à noite
Ou quando estou sozinho
Me tira pra dançar num ritmo frenético,
Vertiginoso para baixo.
É tão quente o seu sorriso
Você me aquece
Me faz companhia
Vindo em minha direção
Com uma arma suja de sangue nas mãos
E quando digo que posso morrer desse jeito
Você sorri e responde diante dos meus olhos:
“Ei, você já está morto há muito tempo,
É que ninguém percebeu!”


Minha doce menina
Você está comigo o tempo todo
E eu não lembro do teu rosto
E pensando bem nem te conheço
Mas você sabe tudo sobre mim.
Minha doce tristeza
Pode vir à hora que quiser
Mas não me leve com você
Venha à hora que quiser
Mas não me leve com você!

[escrito entre estações em algum dia de 2006]




Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Eu não teria o nome que hoje eu tenho
Mundo mundo vasto mundo
Ah, eu não teria mesmo!



“Deixo com vocês a paz. É a minha paz que lhes dou; não lhes dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos nem tenham medo” – Jesus (João 14: 27).

“Tu és o meu esconderijo; Tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a Tua salvação, pois me tens protegido” (Salmos 32: 7).

E eu nunca precisei tanto dessa ajuda como hoje!


(Hoje são lua e estrelas, e um sol covarde que foi se esconder do outro lado do mundo).

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Uma carta de não-amor e não-ódio (para Lúcifer)

(Belle and Sebastian - I Fought In A War)

Na boa, apesar de a musica ser muito bonita, não precisa ver esse video se vc não tá nem ai pra o mundo ao redor

Não me faça me sentir por fora me mostrando tudo o que perdi dos prazeres do mundo ao escolher esse caminho. Eu não quero suas teorias, e nem o seu ódio também. É um caminho longo, mas não quero nada que venha de você.

Quando a lua brilha alta no fim da tarde ou na solidão da madrugada, imagino que tudo isso aqui em baixo é por sua causa, mas não te odeio por isso, nem consigo te amar também.
Eu sou como você, porém por pouco tempo. Uma fração de segundos próxima à eternidade.
Exatamente “quase iguais”, mas eu decidi viver, você não. Você roubou tudo o que eu tinha com uma simples mentira, e você tinha tudo quando fez isso.
Por qual razão então?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

... nº2

(imagem de:http://reflexosereflexes.blogspot.com/2008/06/sem-ttulo_11.html )

Blá blá blá. Blá blá. blá blá blá blá blá? blá blá, blá: blá blá blá blá blá...
Blá blá blá.
Blá blá blá ^^. blá blá blá blá blá blá. blááá? bllllá blá blá. Blá blá blá.
blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá blá, blá blá blá blá bllá. blá blá.

Blá blá blá blá blá? Blá blá? blá Blá. -´bla.
Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá.
blá, blá, blá, blá, blá blá blá!!!! Bla blá blá blá! Blá blá blá blá blá blá.
Blá blá ( blá blá blá blá, blá). Blá blá blá blá blá blá bla bla bla bla bla.

ala bal lab ´ab lb ab blá.

Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá.

Blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá.

blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá.
blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá ,

blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá.

Blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá

blá blá blá blá blá. Blá blá blá blá, blá blá blá blá blá blá blá blá blá.



b l á, blá blá blá, blá blá blá blá.


Blá.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Todo mundo foi criança

(Novo Tom - Pode cair o mundo estou em paz)

Eu fico pensando: o que realmente importa? O que importa não é nada, nada do que agente acha que importa, o essencial é algo muito simples, algo que o meio - toda a correnteza em que vivemos – às vezes, não nos deixa perceber. Mas eu sei, eu sei, pois todo mundo foi criança um dia, eu lembro. Nossos amigos, hoje alguns se esquecem e deixam-se levar pela corrente que começa tão suave antes das fortes correntezas.

Todo mundo tem um preço, e isso é tão certo quanto tudo o que é concreto na vida. Seja no gueto ou num lar abastado, esse preço já foi pago, e custou caríssimo, custou a mais importante de todas as vidas.

Quem é que se interessa em trazer o mal? Em espalhar toda a dor? Não importa (na verdade importa, mas isso não muda muita coisa).
O fato é que tudo o que fazemos uns com os outros estamos também fazendo para com um alguém que vale infinitamente mais que toda a riqueza que se pode imaginar.
E nossa responsabilidade vai desde um sorriso até o máximo que pudermos fazer de bem para essa pessoa. Não tem nada a ver com onde o outro esteja, se do seu lado ou do outro lado do mundo (digo isso porque você vale muito pra não ficar sabendo do valor que um ser humano tem). E esse conhecimento é a essência da máxima: “somos todos iguais”.

Da próxima vez que ver alguém num sinal, feliz, caminhando ao seu lado, ou se explodindo em meio a uma multidão num país do velho continente, saiba que ele ou ela é responsabilidade sua (e minha e nossa). E não é só porque agente cresce e ganha pêlos no rosto e dinheiro no bolso que pode se sentir superior. É responsabilidade nossa!

Esse blog trata sobre pequenas partes da vida, mas esse post fala da vida por inteiro, esse post é sobre o sacrifício de Jesus, e sobre como todos nós estamos inclusos nisso.
Talvez estejamos adultos demais em nossos dias, o mundo pesa muito dessa forma.
Deve ter sido por isso que Ele falou que o reino dos céus é como uma criança.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Até o céu

(Foto: Helder Mendes)


Quando você me vir chegar do trabalho assim (triste)
Pode ter certeza de que vou pular fora e arrumar outra coisa pra fazer
Não quero só gozar mãe, quero uma mulher para poder amá-la
Há varias maneiras de se ganhar dinheiro, até mais fáceis que esta
Mas eu não quero só dinheiro mãe
Quero também a felicidade
P’ro mundo não é comum
(Nem é questão de ser ou ser comum)
Meu sonho de consumo é a vida

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Superstar

(imagem: Karina Bertoncini www.olhares.com)

Como posso começar... Bem, o que quero dizer foge completamente aos princípios desse blog, que foi criado para falar sobre sentidos comuns ou percepções da vida urbana, mas – pra citar Drummond - Isso estava inundando minha vida inteira. E por hoje ter me sentido livre de tantos anos... (Talvez o que queira dizer seja “indizível”) Mas preciso dizer, então lá vai:

Os meus amigos e amigas e amores de inicio de adolescência, nós nos afastamos um pouco pelo rumo que a vida tomou.
Nos reunimos essa semana (todos juntos como nos velhos tempos!) como nos velhos tempos... Pense como o coração fica parecendo bateria de escola de samba essas horas! E era tudo outra vez: as bebidas, as musicas, as histórias. Se bem que eu já tinha parado com um monte de coisas.

Foi ai que aconteceu - como um Déjà vu às avessas. O tempo voltou e todo mundo tinha 16, 17 anos novamente. Havia uma chuva começando lá fora, fechamos as janelas e tocamos as musicas que pairavam na mente noite a dentro, por horas. Até que cada um foi pegando seu par (como naqueles tempos) e ela [vou chamar de X] veio em minha direção apenas com os olhos. E os olhos dela se perguntavam a que horas eu iria começar a implorar, antes ou depois de eu encher a cara? Mas eu já havia parado com uma porção de coisas. E a chuva batia no teto das casas como uma canção triste e era triste aquele momento. Ela, mais uma vez, fez o favor de deixar-me sentir o seu perfume dizendo que eu era a pessoa mais importante – e dizia isso como quando alguém sabe que possui algo garantido, e então deixa em standby indo viver sua vida, pois sabe que num estalar de dedos terá aos seus pés o que nunca é de ninguém para sempre.

Nesse momento sai em direção à porta bem devagar a ponto de me assustar. Não tinha vindo aqui pra isso, eu queria me divertir entre amigos. Aonde eu iria nessa chuva? – me perguntavam. Só consegui fechar a porta atrás de mim porque as palavras sempre falham na hora errada, e nem adianta ter 20 anos de escola – elas simplesmente falham. Fui caminhando debaixo de chuva seguindo a bússola que há dentro de cada um de nós. Era interessante ver pequenos rios se formarem nas ruas, o vento uivar e toda aquela água cair. A cidade fica vazia quando chove de madrugada (eu já tinha esquecido) é assim na província onde vivo.

Mas o que não me fez cair de joelhos e dizer sim ao ouvir o que mais se espera durante tantos anos da pessoa que foi o motivo de vida? Não, não foi o fato de ter ficado uma eternidade em standby, mas o fato de haver, do outro lado da cidade uma guria que eu nem sabia que existia, e que me faz um bem danado, e que há algum tempo atrás nem tinha rosto – agora tem.

“Ei, otário!” – eu ouvi – eram três mendigos embaixo de uma marquise. “Tá tomando banho! Que otário!” – um gritou – será que ele viu o que aconteceu? Que eu não agi como homem ao tirar X dos meus braços – não, ele dizia aquilo pelo fato de eu estar na chuva, mas de certa forma ele também estava. “Ta tomando um banho, otário!” – não tive duvidas depois disso: aquele mendigo sabia de minha vida toda. Quatro anos tomando banho. Porém a chuva dessa madrugada na verdade estava me enxugando e me aquecendo. Guardei o desaforo para levar pra casa, iria enterrar na vala de desaforos que eu levava pra casa.

Continuava a caminhar em direção ao rosto que estava em meu coração agora, quando percebi ser quase duas da manhã. Parei no primeiro abrigo que encontrei e fiz uma ligação, pra falar a verdade não tinha o que dizer e falei qualquer coisa. Antes de perguntar se eu estava bem ela perguntou se eu sabia que horas eram. Disse que não. Ela falou: “Meu filho...” – disse que sabia, é, sabia. Tentava falar coisas que não as frases monossilábicas que saiam, ela interrompeu: “Ei!” (silêncio...). Era madrugada e o tempo já corria normalmente no presente, pois a pessoa que eu sabia que existia e que me faz um bem danado era outra que não a X, era quem estava do outro lado da linha com voz de sono: “amo você!”. E foi ai, então, que percebi que a vida da gente é de uma grandeza imensa, quando damos valor a ela.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O bem e o mal

Imagina se esses dois ao invés de perderem tempo com guerras usassem suas vidas (e a de milhões) desse jeito!



Não é preciso o mal para o bem se manifestar. Isso é apenas um dos conformismos que aprendemos ao longo da vida. Não sou tão burro a ponto de negar a existência dos dois lados, mas onde quero chegar é: o bem pode existir apenas com a consciência do mal, e não com a realização deste. É uma opção, a escolha de um lado, mesmo que o outro lado também o atraia. E nem é ingenuidade, é sabedoria mesmo, porque nós somos sábios apenas em dois períodos de nossas vidas: infância (digo por experiência própria), e velhice, quando voltamos a ser crianças (essa é uma experiência alheia ainda), pois os adultos são os seres mais confusos que esse mundo contém.


E eu tinha acabado de chegar do futebol, quando fui tomar banho e o Yin e Yang ficou pairando sobre minha cabeça, pedindo para que o aceitasse, dizendo que é preciso a crueldade para completar o bem. Então a criança que havia em mim como um desses garotos de beira-de-estrada - falou-me: “Toda a sua confusão, é só conformismo”. “O bem e o mal não são irmãos siameses – sequer pertencem a mesma família.”
“É apenas uma questão de escolha.”
Escolha.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Todo o peso do mundo

(imagem: João viegas)



Todo o peso do mundo é leve
É você quem está sobre ele
e não o contrário
Eloquêcia é conseguir o oposto:
Tirar o mundo dos pés
Para pô-lo nas costas

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

20 anos blue

(fotografia de Bruno Abreu. www.olhares.com)

Boomp3.com
(Elis Regina-1972)

Sempre pensei em como o tempo passa rápido quando se está dentro (quero dizer, quando se vive) e lentamente lento (haha!) quando se está fora.
Ficar fora é estar por fora do querer viver, como aceitar que experiência seja algo que tenha a ver com idade ao invés de atitudes.
Ah, minhas cicatrizes! Há tempos atrás não havia mertiolate que fizesse passar a dor.
Da dor só restaram cicatrizes agora. E da vida, um longo caminho a percorrer.
E eu tenho apenas a idade que tenho. É a coisa mais relativa do mundo então.

Nunca volte atrás.





Never more says:
“goodbye, see you on the other side!”
Please, never more!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Duro viver na cidade


(fotografia de Nuno Rodrigues: http://www.olhares.com/)


Outro dia estava dentro do ônibus, quando percebi um homem andando na calçada. Camisa por dentro, cabelo penteado de lado, calça jeans e tênis. Percebi - ao menos foi o que pensei – em como as mulheres criam homens “perfeitos”, aos quais elas nunca sentirão interesse, pois preferem estar com caras que sejam o oposto do que elas queiram que seus filhos sejam (talvez seja uma atração inconsciente, ou ancestral).
Aquele cara na calçada deve ter sido um “filho perfeito”, mas não será um homem que atrairá as mulheres que criam esse tipo de homens.

Ainda tentava decifrar o que se passava em minha cabeça, - seria isso mesmo ou era só viajem? Porém, a cidade me distraiu. Estava na Avenida Barão em direção à Zona Norte, e as ruas, os postes tão iguais, os carros e o rio à frente me fizeram pensar em outras coisas e esqueci completamente do homem desengonçado na calçada.

Talvez ele tenha ido pra casa comentar com sua família como as pessoas no ônibus, por não ter muita opção do que fazer durante a condução, ficam tendo distrações com a cidade enquanto observam a vida alheia.
Ou então deve ter falado de coisas importantes que as famílias conversam quando são bem criadas por suas mulheres.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Lar, doce lar!

(Militar americana de volta pra casa. Imagem: Google)


I
Rodopio

O caminho pra casa era um rodopio
E quando se achava estar no lar
Era apenas vertigem
De um desejo que cantava
O que se deseja em demasia

II
Antes pensava que nossa casa era o lugar onde nossa escova de dentes estava, acreditava nisso - coisa que, talvez, tenha visto num filme ou livro – por isso dizia a todo mundo que minha casa era por ai, como um cão sem dono. Mas agora (hoje) percebi que nossa casa é onde podemos ligar o som bem alto e cantar junto que nem bobo, andar sem camisa e esquecer a toalha molhada em cima da cama.

Porque escovas de dentes se compram em qualquer lugar e aos montes, liberdade e afeto não.

III
"Para onde, pois, estamos indo? Sempre pra casa."
(Novalis, fragmentos)
IV
Agora no inicio do periodo são livros com centenas de notas de rodapé, ao fim do dia prefiro algo que não lembre notas de rodapé.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Da cor da sua paz

Local onde ocorreu o fato (Imagem Bruno Coitinho Araujo)
boomp3.com
Em umas de minhas andanças pelo calçadão, no centro da cidade, havia um homem com uma bíblia na mão e uma porção de gente ignorando ao redor. Ele perguntava o que salvaríamos de nossas casas em chamas.
Ora! Salvaria a mim mesmo - respondi calado – e talvez alguns CDS e o violão também.
Porém, um velhinho que passou por mim gritou como quem fala – senti que foi um grito. Ele falou: “salvaria as chamas!”.
O homem da bíblia e o velhinho se olharam por alguns segundos de longe e, ainda de longe, se cumprimentaram balançando a cabeça. E eu no meio disso tudo, como um guri no meio da conversa de adultos: Como é?!


Ia rir, mas a curiosidade foi mais forte, cheguei de fininho perto do senhor e como alguém que não se interessa pelo assunto que fala perguntei o por quê das chamas.
Ele olhou pra mim depois começou a andar e falar ao mesmo tempo, e o vento levava boa parte das palavras embora. Até que ele parou e disse com voz firme: “Você tem que ser amigo do fogo, como um marujo tem que ser amigo do mar!”. Minha cabeça já estava rodando e queria saber que horas eram. Foi quando ele falou olhando para uma loja “Olhe pras pessoas! Olhe pras pessoas! Você acha que as roupas que elas vestem é que são importantes? Isso só faz aumentar o medo que já nasce com elas pelo fogo”. (foi algo assim)

Nesse momento percebi que as “chamas” tinham desde o principio um sentido figurado nas palavras daqueles dois homens. Então lembrei de um provérbio japonês que diz: “Meu celeiro foi destruído pelo fogo, agora posso ver a lua”. E como num estalo notei o que queria ser dito. É que as coisas que nos são importantes, às vezes estão invisíveis aos nossos olhos por obstáculos que nós mesmos colocamos, então vem o “fogo” a “água” e o “ar” para levarem consigo esses obstáculos e nos mostrar a vida.

Aquele senhor era amigo do fogo e falava como quem briga, dando até medo de uma aproximação. Mas quando ia embora percebi que em meio a tanta gente no calçadão ele parecia ser o único a estar em paz.
Era porque sabia que por detrás do seu celeiro, e daquelas vitrines imponentes, e daquelas roupas de grife, tinha uma lua brilhando pra sempre para quem quizesse ver, num lugar onde o fogo jamais alcança.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Como vai você?

Quase todo mundo acredita que sua visão que tem da relidade é a própria realidade.
Não quero começar tudo de novo, é que também acredito às vezes, então fechei os olhos para enxergar melhor.
Vim criar esse post aqui para saber de uma coisa: como você está?
Por que no inicio da semana fui questionado por pessoas que nem se importavam com um “vou bem, obrigado” ou um “vou mal, me ajuda?” como resposta.
Então ao encontrar um amigo que me perguntou a mesma coisa que todos perguntam quando encontram uma pessoa eu respondi: “nublado”.
Ele falou: - Tenho um guarda-chuva se você precisar.
Era um dia ensolarado e ele tinha um guarda chuva se eu precisasse.
Eu pensei: “Também é bom ter amigos quando se está longe de casa”. E nem choveu mais, só porque alguém se importou.
Agora me despeço às avessas, em vez de um “adeus” prefiro perguntar: Como vai você? Está tudo bem do seu lado da realidade?

Aos amigos, conhecidos e desconhecidos. Que todos fiquem à vontade para responder.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Selo "diz que até não é um mal blog"


Recebi de: ( http://sedokaomorutaru.blogspot.com/ ) faz quase um mês já ( é que só agora tive tempo para isso) desculpe a minha lentidão!
Sinto-me grato por isso, e meio estranho também.
Valeu!




Então, aqui vão algumas de minhas indicações:

Sou fã desse:
Descobri esse blog a pouco tempo:

Esse blog é sobre quadrinhos(ou banda desenhada), uma paixão minha:

De um poeta lá de Tocantins:
Curto e fino. 10! :
Mais uma vez agradeço pelo selo!
^^

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Do que tenho certeza

Aracaju: Praia 13 de julho (imagem:http://www.indectelecom.org.br/ )
Um... Dois... Três... Quatro. (na rua) Carros passando sobre o asfalto que a chuva acabou de molhar e pássaros cantam.
(dentro de casa) O indefinido que a chuva trouxe com ela rondando a casa, a TV ligada nas noticias do esporte.
Antes batia uma coisa em meu peito e nunca havia nada, agora há e não é a mesma coisa que sentia quando achava que era. Aquilo era outra coisa. E não transformou-se no que se deu inicio agora, pois o que se inicia nesse momento não pode regressar até se transformar em algo baixo. Isso é bom porque não há riscos de voltar ao modo que era. O que sinto agora é uma coisa diferente do que já senti um dia.
- E você pode estar perguntando: Do que é que ele está falando? -também me perguntava isso antes de ter a certeza.
Dá para perceber, é algo se move em algum lugar no universo - talvez seja isso que mova o universo. E quando a noite vai alta ou o dia sopra seus ventos encanados entre edifícios esse indefinido ressoa em todas as pessoas, é que, às vezes, não percebemos. Mas hoje percebi o que já estava ai desde épocas remotas. E depois de olhar por tanto tempo esqueci como era a visão que eu tinha antes. Se quiser chame de amor então. É que prefiro a definição da personagem Tereza no filme Sonho de Valsa, ela diz: É “o amor que eu tenho pelo meu amor que ainda não tenho”.
Porém, o simples fato de senti-lo é prova suficiente de que existe.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Uma semana à luz da familia e amigos

( Foto: Jose - http://www.flickr.com/photos/raveneye)
Andava pela casa em direção a cozinha quando percebi meu quarto mais claro que o de costume. O motivo era que os raios de sol entravam pela janela e refletiam na capa de um livro embranquecendo todo o quarto. Essa brancura causou a sensação de estar no topo de um lugar muito alto, de onde dá para observar a cidade ou mesmo o mundo inteiro sem que nada de mal pudesse me atingir.
Quis não querer perder essa sensação, e por ter sido tão breve tentei continua-la por mais tempo o que me lembrou que semana passada durou menos tempo do que gostaria, mas o mês ainda não acabou. Mesmo que às vezes eu esqueça.
E ao inicio do novo ciclo pude enxergar que há paz em cada canto da casa e da vida.
Só pude perceber porque finalmente consegui me achar e ver que me interesso por outras coisas que não apenas as de antes. É importante que não esqueça, pois posso me perder de novo. Quase sempre me perco de novo.
O que quero dizer é que o passado pode ser um belo quadro para olhar em certas ocasiões, mas nunca, nunca para viver nele - desisti de viver nele.
E essa percepção despertou um sentido de liberdade – alma leve e corpo tranqüilo – bem como uma admiração pelo desconhecido, como sentir saudades por um filho que ainda sequer nasceu.

Não é que eu me perca para depois me encontrar, é que não consigo ficar “encontrado” por muito tempo. Talvez isso nem seja um defeito, é apenas o que é.
Sei que isso pode ser problema, pois vivo cercado por pessoas que tem motivos de sobra para reclamar de mim, mas nunca reclamam. Elas preferem dar uma segunda chance. E são elas quem me fazem me encontrar, assim como a luz no quarto também fez.

Nessas horas penso que esse pessoal tem parte com Deus, porque sempre penso nEle quando passo a pensar neles. Também porque sei que assim como aquela luz só poderia estar a iluminar a vida daquele modo que aconteceu, essas pessoas também iluminam minha vida desse modo: Deus quer que eu O veja todo dia, e para que eu entenda me fez ter família e amigos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Como se fosse a última vez

(Imagem: Google)

A última vez que a vi foi ano passado. Toda vez que ouvia We Never Danced do Neil Young lembrava dela, e disse isso a ela. Ela perguntou quem era Neil Young.
Ainda lembro como chovia pra caramba aquele mês, tornando os dias mais longos.

E também era longa a distância, mesmo estando perto...
Falei que precisava ficar longe por um tempo. Ela procurou ver algo em tom de brincadeira em meus olhos. Não havia.
Atravessou a rua na chuva e me deixou do outro lado. Duvido que tenha olhado para trás, embora não tenha certeza porque não olhei também.
Aquela foi a última vez que a vi. E hoje a distância que nos separa é de algumas horas, minutos...
Mas ela não sabe me encontrar.
E eu não sei mais encontra-la, pois não consigo me encontrar também.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre a solidão em uma madrugada e lembranças do fim do período

(Cidade de Nova Yorque. Imagem: dispositivodevisibilidade.blogspot.com)

Tirando Belchior no violão até altas horas da noite percebo que minha cidade é como um cão faminto e quando o cão late não me deixa dormir. E eu nunca sei onde ele está nem se a causa da insônia – a do bicho-cidade e a minha - é a fome ou algo mais profundo. Agora mesmo os meus amigos estão a distância de um telefonema, ou da solidão mesmo, mas à essas horas... É tão tarde. A solidão então.

O dia começou com a maior cara de fim de mundo e foi embora numa paz que me incomodou. Como se fosse chover – e sempre chove. O céu limpo e claro agora a noite parece céu de verão (isso é ótimo!).

E tudo se deu inicio -a insônia ou algo mais profundo- quando lembrei-me de uma das aulas de quinta-feira, meu professor de mercadológica falava sobre as grandes idéias do Marketing, e dizia como era pouco provável alguém ter essas idéias bebendo apenas leite... Isso me deixou perdidamente agitado, pois era o que eu falava um tempo atrás sobre os grandes feitos da vida, mas deixei de crer nisso, e ele um senhor tão correto falar desse modo como se fosse algo distante a nossa realidade mal suspeitara que suas palavras faziam eco em seu aluno mais careta. Creio que fico assim porque não posso mais. Meu desejo agora é de “um dia de sol e um copo d’água” porque os caminhos longe disso são , as vezes, vazios. E o vazio é muito solitário.

Mas isso já é passado. Grande parte do que foi dito. Só a juventude continua à flor da pele, porém acho que o tempo se encarrega disso também.
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Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto encontro-me bruscamente sem amparo.


No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo o que foi distancia-se de mim, mergulhando surdamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Alegre e plana espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeiramente diante de meus olhos.
Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. (...)
Sem viver coisas eu não encontrarei a vida, pois? Mas , mesmo assim, na solitude branca e ilimitada onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. Presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que me ocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.


Clarice Lispector – Perto do coração Selvagem

Amanheceu enfim. Bom dia! Vou dormir.





quinta-feira, 12 de junho de 2008

Uma noite à espera da lua nova

(musica: Twiligth - Dawn Landes)

Uma noite à espera da lua nova

Esperava na praça
e ela que disse não atrasar nunca
também falou, ao chegar, que faz duas semanas que já não vem.
Fiquei com o mundo todo em minha cabeça,
talvez ela tenha optado por deixá-lo cair das costas.
“Eu não atraso nunca” – lembrei.
E o futuro é tão distante à tardinha...
Depois ela falou olhando para as mãos,
que a vida tem de ser vivida de leve,
seja ela longa ou breve.
E é isso que meus vinte anos me ensinaram.
Tudo no mundo pode se atrasar,
ou nunca chegar,
mas a vida,
a vida não se atrasa nunca.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Resquícios de uma terça-feira blue

(Musica: Sometimes - My Bloddy Valentine do filme Lost in translation)
Está tudo congestionado agora, do meu nariz ao transito lá fora. E o Bloddy Valentine no som do rádio nesse exato momento levam as coisas que passam – como alguém em quem pensamos muito – para mais perto da gente. Ai esse sentimento cresce e fica uma coisa sem tamanho, como a chuva que começou agora a pouco, fraquinha fraquinha, mas mudou de repente, e posso apostar que vai inundar a cidade.

Agora me diz, com tantos lugares secos no mundo por que vem chover logo em cima de minha alegria? E esse locutor agora decidiu fazer uma sessão “musicas de fossa” foi?
Ta certo, eu poderia muito bem mudar de estação ou desligar tudo para desligar também tudo o que cresce noite a dentro. Mas a cidade agora está congestionada e eu prefiro o conforto que essa tristeza leve causa, não pela melancolia em si e sim pelo simples fato dela me fazer mais humano. E não pense que é isso que vai me dobrar, porque homem não chora.
O.k. Só aperto os dentes e seguro até onde der, que é pra ninguém perceber.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

No balanço do trem






É incrível como o sono contagia as pessoas. Na condução para a faculdade reparava em um senhor que dormia e numa moça cochilando, que ao passar dois pontos pegou no sono também.
Era meio-dia e o cobrador bocejava infestando logo em seguida meia dúzia de passageiros, inclusive a gurizada do fundão. Foi ai que comecei a pensar em como o ônibus embala agente depois do almoço, a cada curva, subida e parada.

Engraçado foi ver todos os sonâmbulos - e eu vigiando o motorista pra ele não se contagiar também - pois parecia que aquelas pessoas iriam dormir para sempre. E cada vez que o sol girava sua luz a cada curva, parecia que o buzão era a casa de todos nós.
Daí eu pensei: e se eles dormissem tanto que passassem dos seus pontos? E se o motorista também entrasse no embalo?! Como eles iriam saber que era hora de descer?
Eles saberiam?

Acho que não tenho respostas para boa parte dessas perguntas. Acordei um bairro depois de tudo isso acontecer, com o ônibus quase vazio de gente passando por ruas-de-meio-dia.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Da cor do seu merecimento!

(Fotografia de Nuno Estrela, tirada do site Olhares.com)

Esse é um blog de um garoto suburbano, sobre a vida e a percepção desta quando se vive em uma cidade e também à suas margens. Vida que às vezes passa invisível diante do asfalto e do concreto, e ainda assim é tão concreta quanto a própria cidade que condiciona os sentimentos a outras formas e conseqüências. E também é sobre a luta que reside em não arrumar desculpas para a vida e o merecimento desta.
Blog escrito por uma pessoa que mora numa "quase-cidade", mas sabe que pertence ao campo ou a qualquer lugar que tenha a cor de sua paz (ou merecimento).