quarta-feira, 28 de maio de 2008

Resquícios de uma terça-feira blue

(Musica: Sometimes - My Bloddy Valentine do filme Lost in translation)
Está tudo congestionado agora, do meu nariz ao transito lá fora. E o Bloddy Valentine no som do rádio nesse exato momento levam as coisas que passam – como alguém em quem pensamos muito – para mais perto da gente. Ai esse sentimento cresce e fica uma coisa sem tamanho, como a chuva que começou agora a pouco, fraquinha fraquinha, mas mudou de repente, e posso apostar que vai inundar a cidade.

Agora me diz, com tantos lugares secos no mundo por que vem chover logo em cima de minha alegria? E esse locutor agora decidiu fazer uma sessão “musicas de fossa” foi?
Ta certo, eu poderia muito bem mudar de estação ou desligar tudo para desligar também tudo o que cresce noite a dentro. Mas a cidade agora está congestionada e eu prefiro o conforto que essa tristeza leve causa, não pela melancolia em si e sim pelo simples fato dela me fazer mais humano. E não pense que é isso que vai me dobrar, porque homem não chora.
O.k. Só aperto os dentes e seguro até onde der, que é pra ninguém perceber.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

No balanço do trem






É incrível como o sono contagia as pessoas. Na condução para a faculdade reparava em um senhor que dormia e numa moça cochilando, que ao passar dois pontos pegou no sono também.
Era meio-dia e o cobrador bocejava infestando logo em seguida meia dúzia de passageiros, inclusive a gurizada do fundão. Foi ai que comecei a pensar em como o ônibus embala agente depois do almoço, a cada curva, subida e parada.

Engraçado foi ver todos os sonâmbulos - e eu vigiando o motorista pra ele não se contagiar também - pois parecia que aquelas pessoas iriam dormir para sempre. E cada vez que o sol girava sua luz a cada curva, parecia que o buzão era a casa de todos nós.
Daí eu pensei: e se eles dormissem tanto que passassem dos seus pontos? E se o motorista também entrasse no embalo?! Como eles iriam saber que era hora de descer?
Eles saberiam?

Acho que não tenho respostas para boa parte dessas perguntas. Acordei um bairro depois de tudo isso acontecer, com o ônibus quase vazio de gente passando por ruas-de-meio-dia.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Da cor do seu merecimento!

(Fotografia de Nuno Estrela, tirada do site Olhares.com)

Esse é um blog de um garoto suburbano, sobre a vida e a percepção desta quando se vive em uma cidade e também à suas margens. Vida que às vezes passa invisível diante do asfalto e do concreto, e ainda assim é tão concreta quanto a própria cidade que condiciona os sentimentos a outras formas e conseqüências. E também é sobre a luta que reside em não arrumar desculpas para a vida e o merecimento desta.
Blog escrito por uma pessoa que mora numa "quase-cidade", mas sabe que pertence ao campo ou a qualquer lugar que tenha a cor de sua paz (ou merecimento).