domingo, 25 de março de 2012

Um romance adolescente


(Video: Dawn Landes - Straight Lines)

Quando te conheci, você me mostrou uma outra face do mundo e me prometeu mais. Eu sempre acordava em meu quarto depois das noites e madrugadas que passávamos juntos sem saber como havia chegado em casa. Você era como a chuva caindo sobre a minha cabeça, depois me deixava latejando até ao meio dia. Às vezes era difícil de te encontrar, você sumia por dias me deixando mal, foi então que percebi o quanto passei a depender de você para poder continuar seguindo em frente.

Me sentia só e era só você que me dava paz e centro, mas você ia embora cada dia mais cedo do que de costume. Quando vaguei pela cidade à sua procura encontrei sua casa e todos os garotos da cidade à sua espera, foi uma cena da qual não me esquecerei. Tentei dar doze passos para fora dali, por seis meses não consegui e me vi na fila dividindo você com todos da cidade. Eu te amei de inicio, eu juro, mas agora você estava levando minha alma...

Tentei mil vezes caminhar para longe de você, mas sempre caia no sexto passo. Eu queria resolver as coisas com a minha própria força, à força. E foi no chão que supliquei e Ele ouviu a minha voz, pegou-me em Seus braços e completou por mim a caminhada para longe de você. Ainda pude ouvir você gritar promessas e sorrir para mim, é mesmo lindo o seu sorriso, todos na cidade sabem disso. Minhas feridas foram curadas, Ele me deu roupas novas e me lavou, depois apontou o caminho que eu deveria seguir “estarei sempre por perto” - Ele me falou sorrindo.

Nas raras vezes em que te encontrei depois, te vi nos braços de meninos na flor da idade e senti-me feliz por não haver a menor chance de voltar. Mesmo depois do dia em que você trouxe todos os meus velhos amigos para que eles me convencessem a reatar os laços perdidos, fiquei contente ao dizer não. Romances como o nosso só têm mesmo um final feliz depois da separação.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Acampamento de verão



(Imagem Lu almeida. Fonte: Overmundo)

Alguns insetos têm o instinto muito aguçado para o calor (outros para a luz). E quando os dias são chuvosos ao extremo, esses insetos conseguem achar abrigos aquecidos assim como os magnatas da indústria acham minério nos confins da terra.

Tenho um desleixo muito grande com o tipo de coisa que ainda estou às portas para compreender. E no meio do mato, é claro para qualquer um que, uma barraca num dia de chuva é um prato cheio para qualquer tipo de inseto. Eu poderia apenas puxar quatro zíperes e não teria que ficar “caçando” aranhas, formigas, lagartas e outras coisas que nem sabia que existiam no mundo lá dentro da barraca. As aranhas me driblavam como se fosse um jogo de futebol enquanto as lagartas apenas ignoravam minha presença.

Alguns insetos são como pessoas. Alheios ao mundo em redor, não fazem noção da dimensão do espaço em que estão inseridos. Tenho certeza de que, para aqueles bichos, a mata minúscula era todo o universo do qual eles tinham conhecimento. Nascer, viver e morrer sem ter noção do mundo ao redor é mesmo aterrador. Alguns insetos são mesmo como os seres humanos. A diferença é que os insetos machucam menos. Porém mesmo sendo tão parecidos em inteligência eu continuo preferindo as pessoas.

Todos nós estamos esperando o sol nascer (às vezes estamos alheios a isso também) enquanto vivemos o que sabemos. Nossas vidas são um acampamento longe de casa. Nós não sabemos de nada.