quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Blues da cidade sobre as aparências

Aracaju
(imagem de: overmundo.com.br)

O dia vai embora
Mas os prédios nunca se põem
Ficam como uma rima tesa
achando serem cenário
Escondendo a Beleza
Em ventos de Maio
Eternamente alterados
mas sem nunca gozar
São sim o cenário
Do que sempre mudará
E todos querem estar
Onde o concreto se renova
Caindo como um véu
[Mas sem nunca gozar]
E não querer isso agora
-Não ser concreto nem ser véu.
Me faz ser bem maior
Que qualquer arranha-céu
P.S.: Publicado simultaneamente em: http://fotografodeemocoes.blogspot.com/
P.S.2: Obrigado a todos que comentam as postagens pelo carinho, e por lerem o Da Cor Da Sua Paz.
"See you!"

^^

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Um estranho conhecido

(Imagem: Avenue des Champs Elysées... Por: Honey no site Olhares.com)


Quando me despedi de minha namorada ao portão da casa dela, pedi a Deus proteção até o ponto de parada de ônibus. Estava com violão, celular e uma mochila cheia nas costas e não queria ser a milésima pessoa a ser assaltada ali.

Desci a rua então percebi um senhor, aparentemente bêbado sentado no chão perto da escadaria. Perguntei se ele queria ajuda e se tinha caído, fui tranqüilo e firme, não pensei na miséria que o álcool causa em pessoas assim e em suas famílias, nem fiquei bravo ao lembrar dos comerciais de cerveja. - tem duas coisas que odeio na vida, uma delas é a mentira, a outra é comercial de cerveja. Você entenderia melhor se os traficantes também fizessem propaganda de maconha ou cocaína na t.v. com gente bonita e alegre e te pedissem para apreciar com moderação - O senhor disse que não precisava me incomodar (com a voz bem fraquinha) e agradeceu, logo depois se levantou com muito custo e fez sinal de positivo pra mim. Espantei-me, não tive pena. Não tive pena pois percebi que ele era um anjo! E lembrei que quando me abaixei e ele me respondeu não senti o bafo de cachaça típico dos que bebem para cair (ou até cair).Ele ficou conversando comigo e acho que não percebeu que eu tinha descoberto.
Só percebi um anjo uma vez em minha vida, e foi há muito tempo, quando nem queria saber mais de Deus perto de mim. Estava a sair do cursinho com a cabeça cheia de besteiras quando olhei para o céu e disse: se o Senhor se importa, não deixe o mal me acontecer.
Dobrei a esquina e uma policial, com cheiro de jardim e um fardamento impecável, me deu bom-dia e estendeu a mão com um folheto. Agradeci e ela se afastou. Não esqueço até hoje que li naquele impresso o que desejava encontrar por meses! (Um sentido para isso aqui). Foi como ser salvo de um incêndio ou de um atropelamento na hora H. E nem conseguia ler as placas e ver o rosto das pessoas de tão marejados que meus olhos ficaram.
A condução demorava a chegar e então o senhor (anjo) do meu lado tirou uma carteira de cigarro da calça, ficou como quem olha para algo que nunca viu e guardou novamente no bolso. Tive certeza. Se ele não fosse um anjo já teria fumado um cigarro. Aquilo foi só pra me despistar, anjos não fumam.
Queria que você sentisse como havia paz naquele ponto – Um céu de noite clara e aberta e eu me sentindo a pessoa mais segura do mundo!
Quando a condução chegou, olhei pra ele para me despedir, mas ele estava olhando fixamente pra frente como quem diz: não é a mim que você deve agradecer. E pensei: só um louco espera ônibus cheio de coisas com ele à lá vitrine para ladrão no fim de um domingo no sentido Grande Aracaju.
Talvez eu tenha netos e uma porção de coisas a contar...
Obrigado Deus!