Eu tento nem piscar para não perder nenhum detalhe e quando você fala, também ouço estrelas.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Similis simili gaudet!
Eu tento nem piscar para não perder nenhum detalhe e quando você fala, também ouço estrelas.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Volte pra casa, Isadora!
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Carência
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
No front
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Como se fosse ontem
domingo, 31 de julho de 2011
Como um rio de águas claras correndo para um fim
Do portão até as instalações do asilo havia uma distância de uns 200 metros - não sou bom de medir com “golpe de vista”, mas acho que era isso - que isolava qualquer ruído da movimentada avenida e até da percepção de parte do mundo lá fora. Ao me explicar como era que funcionava o sistema de administração e doações parei de dar atenção ao que o professor dizia, pois notei um grupo de senhoras católicas cuidando e lendo para alguns velhinhos e outros grupos de espíritas e evangélicos fazendo a mesma coisa com outros velhinhos.
Quando o professor reparou que estava falando sozinho me pediu que acompanhasse ele. Conheci uma senhora que estava ali há certo tempo - ela era cega - e tinha uma boneca nas mãos, aquela senhora estava imóvel como se estivesse vazia, foi ai que meu professor a chamou pelo nome e tocou nos braços dela. Tudo mudou nela, a senhora agiu como quem desperta de um coma, quando ela sorriu perguntando quem era que a estava tocando, suas rugas marcaram os caminhos de sorrisos de toda uma existência. Há um colégio por trás do asilo e eu podia ouvir os gritos de crianças em plena euforia do intervalo e meu professor me falou depois que deixamos à senhora sorridente - viu? Ela só precisava de atenção e contato. Percebeu como ela ficou depois de receber carinho? O sangue voltou a jorrar no rosto dela. Pensei que ela poderia estar ali ouvindo aqueles gritos da criançada livre do outro lado enquanto segurava sua boneca na mão.
- E essa boneca de quem é? - Perguntei a ela.
- É minha filha. - a senhora respondeu.
- Meu Deus - pensei - onde estariam os filhos de toda aquela gente?
Em outros quartos havia pessoas muito velhas que não conseguiam sair da cama, estavam esperando à hora de descansar. Havia um velho muito alterado, também, que tinha raiva de tudo e todos e numa outra visita outra senhora que andava de lá pra cá, chamou minha irmã no cantinho e falou “minha filha ta vendo esse monte de velho? Eu não sou que nem eles não, meu filho vem me buscar, ele só foi viajar e me deixou aqui por um tempo”. As enfermeiras olhavam pra mim balançando a cabeça enquanto minha irmã perguntava quanto tempo ele a tinha deixado ela ali. “Dois anos, mas ele vai voltar e me levar pra casa”.
Eu não julgo as pessoas, sabe? Eu tenho uma avó, e ela dá muito trabalho quando dá na telha. Às vezes é madeira de dar em doido lidar com ela, e as pessoas não entendem o que está se passando. Eu não julgo nenhum dos filhos de cada senhor e senhora que estão em asilos, até por que os motivos são variados. Mas pra mim, deitar a cabeça de noite num travesseiro e pensar que minha avó ou mãe estão num lugar assim, com cuidados, mas sem afeto, me faria sentir pior do que estar no inferno.
Quando saí de lá ouvindo os gritos das crianças na escola ao fundo e com aqueles velhinhos na cabeça, me deu um pouco de nojo de mim e do espírito humano. Vivemos nossas vidas sem nos importar com quem está ao lado, precisando de nós, de um toque só, um ouvido para ouvir, olhos para olhar, em lugares como esse ter boca não é lá tão importante é preciso dar atenção e carinho. Costumamos descartar as coisas que não servem mais para uso como de costume e descartamos até os seres humanos. Alguns senhores e senhoras que estavam ali precisavam mesmo de cuidados especiais, mas outros estavam simplesmente abandonados, como um peso que impediam outros de “viver”.
Um dia esse mês visite um abrigo ou asilo, há pessoas ali que ficariam muito felizes só de ter alguém para conversar, se não tiver tempo arrume. Pois você - se não tiver doença nem sofrer algum acidente ou for assassinado - vai ficar velho. Olhe para os velhinhos que estão dentro de casa também, às vezes o lar é o próprio asilo sem afeto para eles quando são excluídos do resto da família. Eu tenho uma avó, não escrevi isso pra julgar ninguém, a época dela já passou muita coisa que entendemos e fazemos com facilidade é algo de outro mundo para ela. É preciso paciência.
Um dia nossa existência vai chegar ao fim, será que ficaríamos felizes ao olhar para trás e percebermos que só servimos a nós mesmos no meio de tanta gente - num planeta inteiro?
quarta-feira, 15 de junho de 2011
O homem que desafiou a si mesmo ou Para além de um texto egoísta
terça-feira, 31 de maio de 2011
O amor é muito mais razão do que parece.
Esquecer de si mesmo em prol de alguém, sem ter a certeza da reciprocidade e não desanimar, simples assim, é o mais perfeito amor. O amor não é só felicidade.
A paixão pode até ser forte como uma pedra, pode ser fogo como um incêndio, mas ao menor sinal de qualquer coisa é sempre instável como uma chama ao vento, como pedras descendo um morro, e então se vai logo quando o sol aquece, como faz o orvalho todas as manhãs.
O amor é muito mais razão do que parece, e por vir mais de dentro do que as outras coisas... Por vir mais de fora do que qualquer universo distante, ele é muito mais perpetuo. O dinheiro e a luta pelo topo corrompem até a alma, mas há um caminho que pode vencer a força; o caminho do amor.
Talvez eu tivesse que ser mais velho (com 100 anos) para alguém acreditar em qualquer palavra dita aqui, mas é óbvio assim.
Por que não nos ensinam sobre o amor nas escolas?
sexta-feira, 29 de abril de 2011
No intervalo de uma aula do curso de administração
Ela me perguntou se eu sofria muito enquanto o cheiro do cigarro no corredor trazia um conforto familiar (é que a maioria de meus amigos fuma). Sorri e disse: “Grande amor, grande sofrimento”. Ela riu alto – não pôde evitar.
- Quanto menos você ama menos você sofre, não é o que dizem? - Falei. - Olhe Jesus, por exemplo, amou as pessoas do modo certo e não conheço ninguém que tenha sofrido mais no mundo por amor. Deve doer à medida que cresce, mas também vale à pena.
Com um semblante sério ela me olhou e perguntou sobre a minha fé. O professor pediu para entrarmos, desejei boa sorte e fui em direção oposta. - Ô, não vai apresentar? - Agora seus cabelos estavam dançando conforme o movimento de sua cabeça.
- Não. – respondi – Não sei nada do assunto. - Ri, não pude evitar.
Por debaixo de suas mechas ela gritou quando eu já ia longe: “veio fazer o quê aqui afinal?”. Sorri com o olhar e desci as escadas para longe da fumaça quando ouvi um longo “Ame com moderação!” ecoar por todo o bloco. “Melhor não” – pensei. Essa coisa de ser moderada só cai bem para as paixões passageiras... O amor deve enfrentar os sofrimentos, pois é maior que todos eles. Enquanto pensava isso ela leu tudo em meu olhar e ouvi o soar uma risada de quase deboche – que risada gotosa – eu sei que ela não pôde evitar.
O mundo é um lugar em que poucas coisas são certas. Nesse sentido é que digo o quanto a faculdade pode ser um lugar esquisito, talvez as coisas mais importantes que uma pessoa possa aprender para a vida estejam nos corredores e não dentro das salas de aula e isso nem contará como crédito para se passar no semestre (mas não me deem ouvidos. Estudem bastante e sejam bons profissionais, eu simplesmente acho que não nasci para isso).
A vida só é bela ao redor de nossos sonhos. Viver isso é que é preciso.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Velhos sintomas
Horas ao telefone
Dormir pensando
Acordar pensando
Prestar pouca atenção ao mundo
(e viver pedindo às pessoas para repetir as frases ditas por conta disso)
Felicidade ao vê-la
Horas de conversa
Dias passando leeeentos na ausência
Coração ensaiando um samba nos encontros
Lábios agradecendo em Oração
Beijos e carícias.
Como suspeitei: Curados.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Sob o Seu cuidado II
Essa tarde num fórum de uma comunidade qualquer uma menina se lamentava por ter perdido num roubo o seu notebook recém comprado com tanto sacrifício. Ela falava que se sentia culpada devido ao fato de até chorar por sua perda enquanto sabia que havia pessoas que, com esses últimos deslizamentos, perderam até mais que suas coisas, perderam pessoas, perderam a vida, perderam tudo.
Poucos minutos depois alguém comentou: “não se sinta culpada, Deus sabe que cada um de nós é diferente, não é pelo motivo de sua dor não ser igual a uma grande tragédia que Ele não dará importância. Talvez outra pessoa suportasse melhor que você, mas Deus sabe o quanto você pode suportar. É por isso que Ele está sempre do nosso lado.”
Pensei em falar algo, mas o fato de ter conhecimento de um Deus que se importa até com um arranhão me deixou com uma sensação enorme de reverência. Às vezes nossa falta de humildade não deixa enxergar e berramos a Ele um “por que não evitou?”, quando nem agradecemos o sustento, e como poderia ter sido pior.
Pare pra pensar que ao seu lado está um Deus que, não só criou todo o universo, mas também se importa com cada criatura que saiu de Suas mãos. Isso é espantoso! Não dá para existir qualquer problema paralelo a esse pensamento.
terça-feira, 1 de março de 2011
Sob o Seu cuidado
Semana passada, perguntei ao meu pai se ele poderia me ajudar com uma conhecida do amigo de um amigo meu - você sabe como é. Ela disse estar sem respostas para essa parte da vida em que chegou e que não tinha jeito para conversar com os pais dela das coisas que tinha em sua cabeça.
Ele me falou para dizer à amiga do amigo de um amigo meu que apenas fosse ela mesma e tudo daria certo. ... Ser ela mesma. Como se ela soubesse. Como se ela fosse algo definido, igual como quando uma pedra sabe que sempre é uma pedra... Ou Deus sabe que sempre é Deus.
Você já se sentiu perdido? Não em um lugar, não assim... Mas com todo esse indefinido, sem saber o que fazer enquanto todos ao redor são perfeitos e o pior, acham que você também é um ser perfeito tendo dentro do bolso a solução para todas as coisas, sabe? - Como quando o Arce batia aquelas faltas pelo Grêmio. Dava para sentir que não importava onde e o que acontecesse, era sempre gol. Era perfeito. Todos esperavam como que um milagre, e o Arce fazia aquilo com perfeição. Então você é apenas um garoto com uma bola de cem quilos e uma barreira enorme em sua frente...
Como as pessoas fazem? De repente você está limpo há tanto tempo e ainda não sabe resolver as coisas dessa maneira, de cara. Uma oração. É... Como pude esquecer?
A vida da gente é como presenciar um cometa, é um milagre, e quando será a próxima vez? Talvez semana que vem talvez nunca mais - como Jesus fazia se ele nem tinha um lugar para descansar? Ele confiava mesmo em Deus para agir e só isso foi o suficiente. Agora posso entender – É isso que vou dizer à amiga do amigo de... Deixa pra lá...
Nós esperamos cinqüenta anos sem perceber que cinqüenta segundos são suficientes para dar sentido a uma vida não importa quem sejamos. É eu acho que é isso – quando deixarei de ser imaturo?
Eu tenho orações respondidas e sei que nunca estarei só. É o suficiente.