Que 2023 seja iluminado pelo nosso Salvador!
sábado, 31 de dezembro de 2022
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
Da sobriedade para deixar o mundo girar só
Parecia que esse novembro iria terminar em paz, como há certo tempo não viamos um mês terminar. Os vencidos e os vencedores não se enfrentavam mais, uma nevoa pacifica pairava por todo o ambiente, ou haviamos interpretado errado? Não, realmente viamos sorrisos pelos corredores. Algumas indiretas, não nego, essas nunca cessarão, mas tudo estava mais leve e até sentavamos juntos pelo fim da tarde.
Todo aquele processo de anular os outros, de classifircar, à lá Guestapo, as pessoas que não pensavam em conformidade com certos pensamentos e que não deveriam ser tratadas mais como pessoas, ou coisa parecida, deu uma leve pontada como uma dor de dente que ficou o dia inteiro sem se manifestar aparecendo dizendo: ainda estou aqui!
Falavamos de qualquer coisa e riamos alheios ao tempo, até você me perguntar se tomaria mais alguma dose da nova bebida que você tanto amava. Com o espirito envolto pelo clima da confraternização disse que não, pois já estava com o copo cheio. E você me falou que era preciso, pois o clima já estava mudando lá fora.
Mas depois de ter vivido todo o processo e os eventos de cerca de dois anos para cá, resolvi prestar atenção à contradição, ao invés de focar apenas nas palavras de bondade que duravam o tempo exato de uma vontade contrária se manifestar. Nunca vi um clima tão democrático - falei- que fecha caminhos e aprisiona quem só queria respirar, mas escancara portas e janelas quando precisa que essas mesmas pessoas presas apertem botões para que a roda do poder continue a girar a favor de quem tem as chaves da prisão.
Já sabia que isso seria o bastante. Olhares diziam que deveria ter ficado calado. E antes de poder questionar se ignorar isso não seria aceitar que estavam nos chamando de burros com o nosso consentimento, uma voz doce - nos ultimos anos as palavras mais violentas vem de lábios e vozes doces - falou sobre a minha condição naquele local e em como poucas palavras poderiam tirar tudo aquilo de mim.
Seu copo pode estar cheio, mas nele caberão quantas goles dessa bebida forem necessários - a doce voz. Não é escolha só sua - ela terminou convincente trazendo os olhares de todos em minha direção.
Antes de me levantar e ir embora deixando o copo cheio na mesa olhei para o céu para ver se a chuva que molhou nossa cidade hoje a tarde já havia passado. Sim é minha escolha - sorri. Sempre foi e sempre será.
Quase tudo, todos os dias, varia, mas parece que algo mudou no espirito humano para uma coisa não tão boa e veio para ficar. Já estava de costas na calcada quando ouvi um "vamos ver" ecoando como quando um soldado está cumprindo um dever redigido em mesas estranhas por mãos que nem sabem ou se importam com a existência de quem cumprirá as ordens.
Esperava o retorno desse comportamento tão hostil, como uma dor de dente, lá para o ano que vem. Junto com o canto dos vencedores. Sinceramente não tinha esperanças de que a trégua duraria tanto. Coisas e pessoas para anular e serem anuladas. Eu não quero mais uma dose do sentimento que embriagou a humanidade nesses últimos anos. Ele sempre se veste de algo novo.
Parece que a derrota não basta. Mas decidi que não será mais tempo de ser feliz às escondidas nem de permitir que transformem em cacos outras existências. É tempo de voltar ao front. Sóbrio dessa vez. Nem mais um gole! A vida é comoum jogo de "Verdade ou Consequência" sem saber, às vezes, que essas duas coisas nunca andarão separadas um só segundo.
domingo, 30 de outubro de 2022
Cinco a vinte e cinco
(imagem: daqui)
Tive uma ideia besta essa madrugada de começar a vida como se estivesse com cinco anos agora. Não como uma criança, mas em relação aos sonhos que ficaram pelo caminho. Começar a edifica-los outra vez. Sei que agora, de uma nova forma, sem apego ao passado. Os tempos e meu tempo são outros. E daqui a vinte e cinco anos eu veria no que tudo se tornou sem ignorar e aproveitando o processo.
sexta-feira, 30 de setembro de 2022
Atento
quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Coisas para não falar numa entevista de emprego
Sempre que chego em casa e fico com as pernas pra cima deitado no tapete percebo que é fácil pensar melhor com a casa arrumada, com os cabelos e corpo lavados. Os pensamentos ficam como a praia quando o mar a toca num dia ensolarado. Mas isso nunca dura por si só. É preciso uma certa força e manutenção de estado. Uma luta contra parte de nossa própria natureza.
Às vezes não acredito na humanidade. Às vezes não tenho fé alguma nela. Não é que eu seja desconfiado com todas as pessoas ou que ache que todo mundo é mau. Apenas sei que não haverá justiça e perfeição se tudo depender de nós. E nem é bem um acidente isso não acontecer, é uma escolha mesmo. E inventamos toda uma parafernalha cientifica, social e religiosa, apenas para descansarmos tranquilos quando o dia acaba. Entendo que não é a ciência, a empatia e espiritulidade verdadeiras, claro. São desculpas bonitas sob essas roupagens, apenas.
Buscamos ser prédios imponentes, quando ser uma cabana já daria para o gasto. Não gosto da bondade feita pelas mesmas mãos que semeiam o contrário de um ângulo que quase ninguém possa ver, chamando a isso de progresso. Soa claramente como uma propaganda, um negócio. Talvez o mais certo a fazer seja falir nossa justiça própria a cada dia, até que algo de verdade possa aparecer. Como experiências edificantes que valem a pena até para se colocar num curriculo. Como as almas que buscamos todo o dia depois de adultos para estarem ao nosso lado, na hora que toca para o recreio.
domingo, 31 de julho de 2022
Breve manual para um espírito livre
Ame a quem ama o amor e a quem ama o ódio.
Se afaste dos últimos.
Questione quem te manda sempre questionar e observe as respostas não ditas.
quinta-feira, 30 de junho de 2022
O homem mais rico do mundo
Abri a porta de casa com todo aquele novo velho apetrecho de palavras horríveis saídas de alguns lábios amáveis embebidos no amor da modernidade. Um beijo. Outra porta. A descarga. Liberdade mais uma vez. O exercício de levar desaforo pra casa é libertador. Você não precisa sair espalhando que faz isso por ai. Apenas se liberta e fica grato por todo o presente que vem depois. Onde todas aquelas visões de mundo repousam em seu devido lugar, ao doce e suave som de uma descarga acionada.
Quando caminho pelas ruas e vejo o céu azul ou a chuva batendo em minha pele, enxergo a cegueira de lutar pelo que já é nosso desde as eras eternas, como um presente, mas não percebemos por nos dividirmos a cada dia em mais e mais fatias. Como um queijo cheio de buracos é fatiado para facilitar ser devorado por bocas e dentes que não se importam. Escolher ser uma pedra no meio da comida pode não ser agradável, mas é libertador.
Às vezes, quando acordo, sou tentado a provar que também sei buscar o que se busca hoje em dia. A soberba, o amor raivoso, a mão única de soluções imperfeitas, o revide. Mas cantos de fora da janela me lembram que há uma dádiva maior a ser enxergada e mantida e um milhão de coisas a serem evitadas. Não há dinheiro que pague uma boa descarga, é o que os cantos lá fora me dizem.
É depois disso que a liberdade vem tomar café comigo assim que desço da cama.
terça-feira, 31 de maio de 2022
Das tardes em que voávamos juntos
Você já foi livre para pensar tudo o que quiser?
sábado, 30 de abril de 2022
Da janela do quarto andar (Quase dá para voar)
Uma rua vazia de toda a luz do sol
E as pessoas trancadas assistindo TV
Vejo correntes
Não vou mais passar por ali
Vejo correntes
Não há um principio em si
Vejo correntes
Onde tudo pouco importa
O fogo queimando o que era tão belo
E as pessoas sentadas assistindo a cena
Vejo cometas
E vão se chocar contra mim
Vejo cometas
Da janela do quarto andar
Vejo cometas
E a gente pensava que nunca teria fim
Papeis de cartas vazios e toda a luz do mundo
Brilha em quem a tudo ama e só quer ser feliz
quinta-feira, 31 de março de 2022
sem título
(imagem: daqui)
Deixe-me levar você para casa hoje, assim como você me levava no tempo em que eu me sentia tão feliz e nas outras vezes em que me sentia tão triste no mesmo dia. A estrada é bonita quando se percebe o tanto de sofrimento que podemos suportar sem quebrar.
Gosto de ver as luzes de noite e as sombras de dia. O vento que nos acaricia não te dá uma sensação familiar de pertencimento? Ele combina com o seu perfume. Gosto dessas ruas também, da maneira antiga como elas foram asfaltadas e em como permanecem sem rachar.
Vamos ficar na calçada por um tempo, pois a nossa casa transcende para certos espaços na rua em que moramos. E tudo é nosso lar agora que nem todas as coisas irão nos quebrar.
Ao portão, enquanto janelas observam, não há palavras de despedida. O amanhã ouve-te dizer "Eu quero voltar com você!"
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
A árvore das boas novas
Depois do ventre do grande peixe, há uma bela praia deserta.
Mas a razão para ter sobrevivido às águas está na cidade.
Onde há um mar de gente que não sabe de sua escuridão.
É lá que o salva vidas irá lançar a corda.
E eles só darão ouvidos a quem um dia se afogou também.
É preciso falar e não se calar.
É preciso estar lá, mas sem pertencer ao lugar.
É preciso ter vindo do ventre do grande peixe.
Que foi despertado para acordar o que dormia em seu sono
Para que assim fossem despertados os que também dormem nos seus.