domingo, 14 de outubro de 2012

Um dia no trabalho

(Imagem: Através dos tempos - Manuela Rodrigues - Olhares.com)



Acordar com o céu clarinho, tomar banho para despertar. Escutar as musicas da vizinhança e suas brigas matinais. Tomar café, às vezes não. Encher a pele de protetor solar. Cheiro de talco de bebê em parte do material de trabalho – sempre lavar antes das pesagens.

Sol gostoso na rua logo cedo, pessoas chamando meu nome. Ponto assinado, agendas a preencher. Trabalho a ser feito, sorrisos e pé na estrada. Vento-de-vez-enquando, suor misturado com perfume e protetor solar, ruas com cheiro de cocô de cachorro (depois que chove é pior).

Pessoas acordando e indo trabalhar, pessoas dormindo e ficando em casa, eu acordado e por vezes dormindo na casa delas. Sorrisos, cantadas e esquivos. Lábios sorrindo, bocas cantando. Xingamentos e desculpas, fingimentos e malícia. Assaltos frustrados, pernas pra quem te quero. Telefonemas e cansaço.

Sol a pino e cheiro de flores, perfume de mulheres que são o alicerce do mundo, minha cara de criança olhando para elas. Assinaturas e adeus. Carros passando rentes ao corpo, eu no meio da rua de novo. Cachorros de rua, velhos amigos, gatos, preguiça... Que vontade de estar em casa! Telefonemas e sorrisos, explicações.

Conversa jogada fora, confidências, pessoas desconhecidas. Homens nervosos, doentes e doenças. Velhas felizes, solidão dentro da porta e em meu coração. Baby doll e cachorros assassinos. Promessas e esquecimento – lápis e papel como remédio. Relatórios e avaliações, descanso e diversão. Vidas que me observam. Amor em todos os endereços, esperança nas calçadas, salário no fim do mês.

Depois, tudo outra vez.


Nenhum comentário: