Algo interessante sempre passa na T.V., há sempre um bom lugar para ir ou algo para acontecer essas horas... Uma estrela cadente pode passar e eu posso perder, alguém pode ligar ou chegar e eu posso estar ocupado, um amigo pode casar no exato momento em que eu esteja arrumando a cama, ou o Grêmio pode ser campeão do mundo de novo e eu corro o risco de não ver...
Isso é o que te digo não é?
Mas o real motivo é que esse ano ainda não deu para saber onde começa o meu quarto... De vez em quando vejo o chão... Ás vezes a luz falha e as gavetas quebram, mas eu conserto tudo. Só não arrumo a praça de guerra, o amontoado de roupas e cd’s, nem procuro meu violão perdido no buraco negro que saiu de dentro de meu peito – e que torço para que não consuma o mundo inteiro a começar por aqui por casa – pois esse é o meu artifício para garantir que eu seja visto.
Eu não arrumo essa bagunça para você notar que há algo de errado com agente. Eu visto roupa amassada e ligo som alto que é pra ver se você grita ou briga, e dessa briga saia uma conversa e desse grito saia um sussurro que vá de encontro ao que mais importa na vida de um ser humano: o outro ser humano que deveria ocupar um primeiro lugar em sua vida.
Não sei onde termina esse amontoado de coisas, pois não sei onde começa a nossa vida juntos. E todo o pouco de nós que tenho em lembranças, me agarro para não esquecer... O que já é vago e longe no tempo.
Quando sento em sua frente e puxo conversas que não os “bom-dias”, “vou sair”, “volto logo” - meu Deus! Passamos tardes inteiras como se falar não fosse importante. E é! Faço essas coisas para ver o que acontece...
Eu deveria amassar seu carro, ou bater ele comigo dentro pra você, num momento de fúria, dizer de uma vez por todas que já esperava isso de mim, ou talvez não... Talvez não. Quem sabe você me visitasse no hospital e como por milagre dissesse que de agora em diante vai ficar tudo bem, e que a casa em que moramos será um lugar ao qual se deseja voltar depois de um longo dia de trabalho.
Talvez quem não deu o primeiro passo fui eu! Estou pensando nisso agora e decidido a por em ordem o cabaré.
Só tenho receio de que quando você veja tudo em seu devido lugar pense que todas as coisas estão em ordem e que já não exista ausência, falta sua.
Tenho medo de que aquele gringo bobo tenha razão e perceba que ele cantava uma canção para nós dois quando chorava: “Father, you left me, but I never left you I needed you, you didn't need me”.
Mesmo depois de agente ter feito todo o possível, ainda pode existir algo a ser feito.
Ei pai, vou começar a arrumar meu quarto e não vou desistir tão cedo. Não vou desistir!
Isso é o que te digo não é?
Mas o real motivo é que esse ano ainda não deu para saber onde começa o meu quarto... De vez em quando vejo o chão... Ás vezes a luz falha e as gavetas quebram, mas eu conserto tudo. Só não arrumo a praça de guerra, o amontoado de roupas e cd’s, nem procuro meu violão perdido no buraco negro que saiu de dentro de meu peito – e que torço para que não consuma o mundo inteiro a começar por aqui por casa – pois esse é o meu artifício para garantir que eu seja visto.
Eu não arrumo essa bagunça para você notar que há algo de errado com agente. Eu visto roupa amassada e ligo som alto que é pra ver se você grita ou briga, e dessa briga saia uma conversa e desse grito saia um sussurro que vá de encontro ao que mais importa na vida de um ser humano: o outro ser humano que deveria ocupar um primeiro lugar em sua vida.
Não sei onde termina esse amontoado de coisas, pois não sei onde começa a nossa vida juntos. E todo o pouco de nós que tenho em lembranças, me agarro para não esquecer... O que já é vago e longe no tempo.
Quando sento em sua frente e puxo conversas que não os “bom-dias”, “vou sair”, “volto logo” - meu Deus! Passamos tardes inteiras como se falar não fosse importante. E é! Faço essas coisas para ver o que acontece...
Eu deveria amassar seu carro, ou bater ele comigo dentro pra você, num momento de fúria, dizer de uma vez por todas que já esperava isso de mim, ou talvez não... Talvez não. Quem sabe você me visitasse no hospital e como por milagre dissesse que de agora em diante vai ficar tudo bem, e que a casa em que moramos será um lugar ao qual se deseja voltar depois de um longo dia de trabalho.
Talvez quem não deu o primeiro passo fui eu! Estou pensando nisso agora e decidido a por em ordem o cabaré.
Só tenho receio de que quando você veja tudo em seu devido lugar pense que todas as coisas estão em ordem e que já não exista ausência, falta sua.
Tenho medo de que aquele gringo bobo tenha razão e perceba que ele cantava uma canção para nós dois quando chorava: “Father, you left me, but I never left you I needed you, you didn't need me”.
Mesmo depois de agente ter feito todo o possível, ainda pode existir algo a ser feito.
Ei pai, vou começar a arrumar meu quarto e não vou desistir tão cedo. Não vou desistir!
11 comentários:
Cara, muito bom esse texto, os argumentos que voce usa, o trecho de musica, o time que você torce, coisas muito pessoais que deixam o texto ainda mais interessante!
Parabéns!
Às vezes parece que a gente não supera nunca. Coisas que não deveriam importar há muito tempo.
Ótimos motivos pra manter a bagunça no quarto... Também tenho os meus... Um pouco diferentes mas tenho...
Que lindo!!!
O seu texto ficou maravilhoso, os pais sempre não sabem lidar com seus filhos e nem os filhos com os pais.Eu nunca soube lidar com o meu e você nem sabe a falta que ele me faz.Parabéns você escreve demais
O seu texto ficou maravilhoso, os pais sempre não sabem lidar com seus filhos e nem os filhos com os pais.Eu nunca soube lidar com o meu e você nem sabe a falta que ele me faz.Parabéns você escreve demais
que lindo, adorei. Parabéns !
Não desista ;)
Meu Deus... MARAVILHOSO O SEU TEXTO... eu me indentifico 100 por ele!!!
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